sexta-feira, 27 de dezembro de 2013

Os Spinola em Gênova

A família Spínola ocupou posição de destaque na história de Gênova e de boa parte da Europa Medieval. Participaram das cruzadas, foram governadores da República de Gênova, Duques, Viscondes, cardeais... Houve até 1 Papa e 4 Santos.

E existe ligação direta de descendência entre personagens centrais da família em Gênova com o patriarca da mesma na Graciosa, Pedro Spínola Dória. A começar pelo criador do sobrenome: Guido Spínola.

Guido, ou Guidone, participou da primeira cruzada, que invadiu Jerusalém em 15 de Julho de 1099. Ele trouxe da Terra Santa um espinho (que seria da Sagrada Coroa de Jesus Cristo). De volta a Gênova o espinho foi oferecido a Virgem da Igreja da Senhora das Vinhas em Gênova. Spínola é espinho em Italiano, surge ai o nome da família.

O feito deu muita fama a Guido, que já era Cavaleiro Templário, e seria eleito Consul de Gênova, entre 1101 e 1122. Era só o começo da presença Spínola nesta posição, entre os séculos XII a XIV foram 14 Cônsules que ocuparam a posição por 29 vezes.

Guito era bisneto de IDO, o Visconde de Manesseno. IDO foi um Alemão que veio invadir a Itália em 951 no exército de seu primo OTO I*. Após a conquista ficou na região fundando a família de Manesseno (Manesseno hoje é uma vila nos arredores de Gênova).  

O neto de Guido, Oberto Spínola, nascido em 1135, também foi personagem de destaque, quando Consul negociou a soberania de Gênova com o Imperador Frederick I e com o acordo assinado na cidade de Pavia em 9 de Junho de 1162, tornou-se o primeiro Cônsul Soberano de Gênova.

Esta é a linha genealógica desde IDO Manesseno até Pedro Spinola Dória:

IDO di Manesseno, pai de Oberto dé Visconti (di Manesseno), pai de Belo “Bozumi”,(este foi antepassado das famílias Spinola, Brusco e Embriaco) nascido em 1040, pai de Guido Spinola (I), nascido em 1070, pai de Guido Spinola (II), nascido em 1100, casado com Alda. Pai de Oberto Spinola (I), nascido em 1135 e morto em 1183, casado com Sibila della Volta (Filha de Igone della Volta). Pais de Oberto Spinola (II), nascido em 1165 e morto em 1214, irmão de Ingo Spinola, tronco dos Spinola “della Piazza” ou “di San Luca”. Pai de Guglielmo Spinola, nascido em 1200, pai de Oberto Spinola (III), o Grande Capitão de Genova (conjuntamente com Corrado Doria), nascido em 1200 e casado com Giacoba (também pai de Corrado Spinola, progenitor de outra linha Spinola da Madeira). Pai de Gherardo Spinola (Senhor de S. Luca e Tertore), nascido em 1280, casado com Pietra de Marini (filha de Antonio Marini). Pais de Lucchesio Spinola (de Marini), nascido em 1323 casado com Agnese. Pais de Carozio Spinola, nascido em 1350 e morto em 1405, que casou com a prima Teodora Spinola (filha de Giacomo Spinola, neta de Aleone Spinola). Pais de Eliano Spinola, nascido em 1390, banqueiro em Genova, casado com Argenta Lomellini (Catanho) (filha de Oberto Lomellini e Bettina Cattaneo (Catanho)). Pais de Giorgio Spinola (Lomellini), nascido em 1420 e morto em 1484. Pai de Leão Spinola (Elliani Spinola Doria), nascido em 1448, passou pela Espanha e pela Ilha da Madeira mas voltou a Genova, onde os filhos Antonio e Lucano nasceram (ambos tiveram CBA de Spinola em Portugal em 1513 – D. Manuel). Leão também era chamado de Micer Leão ou Marcelão Spinola. Casado com Peretta de Spinola (ou Madona Pereta). Estes são os pais de Antonio Spinola Doria, nascido em 1470 em Genova e morto em 1555 na Madeira. O Filho deles Pedro Spinola Dória, nasceu na Madeira em 1503 e morreu na Graciosa em 1559.


* Oto I (Primo de IDO Viscondi de Manessemo) É considerado o primeiro Sacro Imperador Romano, coroado pelo Papa João XII em 962. Ele nasceu em 912 em Wallhausen na Alemanha. Filho do Rei Henrique I “O Passarinheiro” foi coroado rei dos alemães em 936. Em 951 invadiu o Norte da Itália. 

Os Spínola da Graciosa

Volto aqui a falar dos Spínola, aqueles três dizimeiros da coroa portuguesa que chegaram a região de Rio de Contas em meados do século XVIII, dos quais descendem tanto meu bizavô, Olindo de Oliveira Guimarães, quanto minha bizavó, Arlinda de Souza Spínola. Apesar de terem dado origem a uma longa linhagem Spínola no Brasil, partindo depois da Bahia, para o interior de São Paulo, Paraná e outros estados, não sabemos quem é o pai deles.

O que se sabe é que são da Ilha Graciosa, nos Açoures. Estudando a história dos Spínolas desta ilha chegamos ao nome de Pedro Spínola Dória, considerado patriarca desta família por lá.

Para entender a história dele e da migração vamos voltar ao avô dele, Leão Spínola (Elliani Spinola Dória), nascido em 1448 em Gênova, descendente de família nobre e mercador, tem registradas passagens pela Espanha e pela Ilha da Madeira. Um dos filhos dele Antonio Spínola Dória (ou do Funchal), nascido em 1470 em Gênova voltaria ainda bem jovem a Madeira, para comercializar trigo na região.

Nesta época o Rei Português começava a ver com bons olhos a presença de estrangeiros na região da Madeira e dos Açoures, já que eles estimulavam o comércio. Em 1490 Antonio é naturalizado Português e se dedica ao comércio de açucar, em 1494 passa a ter negócios nos Açores também. Em 1491 teria arrendado junto com Estevão Eanes toda a produção das ilhas de São Miguel, Santa Maria, Faial, São Jorge e Graciosa por 1 milhão e trezendos reais. Foi representante de vários produtores chegando a negociar 8 mil arrogas de açucar em um único negócio. Era casado com Maria da Porta.

Em 1513 recebeu autorização de Dom Manuel para usar o brazão da família em solo português. Entre 1516 e 1518 chegou a arrendar todos os direitos reais da Madeira, em sociedade com Luís Doria, Benito Morelli e Simão Acciaiuoli. Era representado nesta empreitada pelo primo Leonardo Spinola. Teria também cedido o terreno para a construção da Capela de São Tiago, em 30 de Abril de 1524, sob a condição de que ela sepultaria os mortos da família.

Antonio ainda teria colaborado com acordos comerciais que levaram os mercadores da região da Madeira a patrocinar a expedição ultra marina de outro genovês: Cristóvão Colombo.

Foi casado com Maria da Porta, também de Gênova, e faleceu na Madeira em 1555.

Pedro Spínola Dória, filho de Antônio Spínola e Maria da Porta, veio da Madeira para Graciosa já casado com Catarina da Veiga, filha de Diogo Pires da Veiga e de Inez Pires da Veiga.  Pedro nasceu na Madeira em 1503. Foi fidalgo da casa real  de D. Manoel I em 1515 e Capitão Mor da Graciosa. É considerado o patriarca da família Spínola na Graciosa. Pedro faleceu na Graciosa em 1559

Não consegui criar a linha de descendência dele até meus 3 ancestrais que chegaram ao Brasil em meados dos 1700, mas existem algumas pistas. Pedro teve duas filhas: Paula Spínola da Veiga e Catarina da Veiga Spínola. Apenas os  descendentes de Paula mantiveram o sobrenome Spínola. Um deles é Raphael Spínola de Souza Mendonça, nascido em 1650 e falecido em 08 de Novembro de 1729. Outro Souza Spínola é Manuel de Souza Spínola nascido em 1681 e falecido em 9 de Janeiro de 1742. Pelos anos de nascimento os 2 Spínolas dos quais descendo poderiam ser netos de um deles. Quem sabe um dia conseguiremos fazer esta ligação exata ...