quinta-feira, 8 de agosto de 2013

Três dizimeiros chegam ao sertão da Bahia ...

Em meados do Século XVIII chegaram ao alto sertão baiano 3 irmãos: Timóteo, Joseph e Francisco. Eram dizimeiros da fazenda real, percorriam o sertão recolhendo impostos para a coroa portuguesa.

Dois deles são meus ancestrais diretos. Timóteo é trizavô paterno do meu bizavô materno, ou seja meu sexto-avô. Joseph é bizavô paterno da minha bizavó materna, ou seja meu quinto-avô. A família dos dois iria se cruzar muitos anos e quilômetros depois, no início do século XX, já no interior de São Paulo, quando meus bizavós Olindo de Oliveira Guimarães e Arlinda Spinola e Castro (os pais do meu avô Tutu) se casaram.

Ainda não consegui descobrir o nome dos pais deles, mas sei que vieram da Graciosa, pequena ilha portuguesa no arquipélago dos Açores*, praticamente no meio do Oceano Atlântico. Sei também que Timóteo Spínola de Souza nasceu em 1744.

Os dízimos da fazendo real eram impostos de 10%, como os da igreja, que eram passados ao rei por este ser o “Grão-Mestre da Ordem de Cristo”. Os dizimeiros eram “comerciantes” e não funcionários do reino, eles compravam contratos que os habilitavam a cobrar os impostos. Para ter acesso a estes contratos, além é claro de dinheiro para dar o lance inicial, era preciso certo prestígio, portanto apesar de não sabermos a origem exata deles, parece fato que já chegaram ao Brasil com alguma relação com a Corte Portuguesa.

O fato é que os três irmãos ficaram por lá e, especialmente meus dois ancestrais, fizeram história no sertão baiano. Eles se fixaram primeiro em Vila Velha, hoje Livramento de Nossa Senhora (também conhecida como Livramento do Brumado). Com a descoberta de Ouro na Chapada Diamantina, subiram a Serra das Almas, estabelecendo-se em Rio de Contas. Conta-se que Timóteo ficou rico com o ouro, chegando a remeter 4 arrobas do metal para Londres.

A família construiu uma lagoa e se estabeleceu em volta, esta lagoa tem até hoje o nome de Lagoa do Timóteo e deu origem ao nome do distrito de São Timóteo. Ao redor da Lagoa eles construíram alguns casarões** que estão lá até hoje.

Joseph foi um pouco mais ao sul, próximo do atual de município de Caetité, era proprietário da fazenda Pedra Redonda, onde plantava café***, o mesmo café que acompanharia minha família pelas próximas gerações. 

Timóteo morreu em Rio de Contas em 25 de Abril de 1824, com 80 anos. Sua filha mais velha Maria Delfina de Souza já estava casada e deu continuidade a minha ascendência. Pelo lado de Joseph, os filhos, entre eles minha tataravó Adelina de Souza Spínola, teriam se mudado para Lençóis junto com os irmãos que continuavam com as plantações de café.

***

                                          Casa do Barão - Lagoa do Timóteo - BA


* Foi grande a emigração Açoriana para o Brasil, incentivos do reino e limitações econômicas da ilha, somadas a um grande crescimento demográfico no Século XVIII fizeram com que muitos tentassem vida melhor em terras brasileiras.

** Em um destes casarões nasceu meu bizavô, Olindo de Oliveira Guimarães. O lugar era conhecido como “Casa do Barão”, pois pertenceu ao Barão de Vila Velha, Joaquim Augusto de Moura, irmão da minha penta-avó Ana Amélia de Moura Albuquerque, mas isso fica pra outra história ...

*** Apesar de ter encontrado referência ao café como atividade dos Spínola na Bahia, este cultivo não era muito comum na época e lugar, sendo mais provável terem criado gado ou plantado algodão, fica a dúvida ...

Fontes:

Livro Online sobre Anísio Spínola Teixeira: http://www.bvanisioteixeira.ufba.br/livro10/chama_capitulo2.html

Taberna da História do Sertão Baiano:
http://tabernadahistoriavc.com.br/deocleciano-pires-teixeira/


Geneall e outros Fóruns da internet

Muito Obrigado a todos que pesquisam e compartilham a história !!

19 comentários:

  1. Excelente esses comentários!... Ana Amélia de Moura e Albuquerque era minha trisavó.

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  2. Olá, Ricardo, procuro informações que possam esclarecer uma história de minha família. Meu bisavô Leonel Justiniano da Rocha foi o único herdeiro da Baronesa de Vila Velha; diz-se na familia que ele era filho ilegítimo de um dos 2 (do Barão ou da Baronesa) e por isso foi agraciado com a herança. você poderia me indicar alguma fonte genealógica ou documental que possa me ajudar nessa pesquisa? Obrigada

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  3. Caro Ricardo,
    antes de mais nada, parabéns pelo Blog. Agradeço ainda a citação do www.vasconcelosbahia.blogspot.com.
    Interessei-me em particular pelo trecho em que afirma: "Timóteo é trizavô paterno do meu bizavô materno, ou seja meu sexto-avô". Supostamente três Vasconcellos Bittencourt casaram-se com três filhas de Timóteo, mas não temos confirmação documental. Gostaria de saber de qual das filhas ou filhos de Timóteo vc descende, e que informações adicionais poderia compartilhar.

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    1. Oi Nilton, um prazer conhecê-lo. Seu blog foi de muito importância nas minhas pesquisas. Eu sou descendente de sua filha mais velha: Maria Delfina de Souza, casada com Francisco de Vasconcellos Bittencourt. Por favor me avisa se posso ajudar com mais informações.

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    2. Prezados
      Descendo do 2o casamento de Manoel Vasconcellos de bettencourt, que casou com Ana delfina. Tenho os inventários de Ana delfina e dos filhos, que eram doentes mentais. Estou completando dados em minha arvore com base em documentos disponibilizados pelo site de açores.

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  4. um grande prazer em conhecer seu blog Ricardo. Moro em Seabra, eestudei bastante a genealogia dos Souzo Spinola. o patriarca do meu ramo genealogico foi Joseph de Souza Spinola que casou-se com Felicissima Mendonça Spinola, que geraram Rita Sophia de Souza Spinola Zama, esta foi para Lençois-Bahia,ja viuva , em comitiva com o Comendador Antonio de Souza spinola, seu irmão, levando os filhos dos seus dois casamentos, o primeiro com Francisco José do Nascimento Soriano, com quem eve 4 filhas,uma delas minha tetravó Virginia, e do outro casamento com 0 medico italiano Aristide Cezar Zama, natural de faenza na italia, pai de Cesar Spinola Zama. Virginia, casou-se com José Venancio Gomes de Azevedo (filho de Domingos Gomes de Azevedo, filho do Comendador Domingos Gomes de Azevedo) , e dessa união nasceu meu bisavô José Venancio Gomes de azevedo. Os nomes repetiam muito, por isso encontrei muita dificuldade para fazer as pesquisas. Queria tirar uma duvida com vc, pesquisei em Rio de Conta e outros arquivos mas nada encontrei a respeito da origem dos tres irmãos, qual foi a fonte que buscou que levou ate a Graciosa !!! abraço, parabéns !

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    1. Oi Rômulo. Minha esposa é hexaneta do Comendador Domingos Gomes de Azevedo. A pentavó dela, Emerenciana Maria de Azevedo, filha do Comendador, era tia de José Venâncio Gomes de Azevedo. Parece-me que há uma incorreção em suas informações. O Comendador teve 10 filhos, mas nenhum era homônimo dele. O pai de José Venâncio era Joaquim Venâncio de Azevedo, que casou-se com Virgínia Soriano. Joaquim Venâncio, que era natural da região de Caetité, mais precisamente do Arraial do Gentio (hoje Ceraíma, distrito de Guanambi), fundado pelo Comendador, mudou-se com a família e o irmão Agostinho Gomes de Azevedo, para a cidade de Lençóis. Estas informações, e muitas outras, constam do livro O Distrito de Paz do Gentio, de Dário Teixeira Cotrim, primo de minha esposa, e escritor membro da Academia de Letras de Montes Claros - MG. Tenho também interesse em me aprofundar nessa genealogia, porque minha tia (irmã da minha mãe) foi casada com Telésphoro Azevedo, ex prefeito de Itaeté, que acredito ser descendente de Joaquim Venâncio ou de Agostinho, filhos do Comendador. Existiria, então, um parentesco entre este meu "tio" com a família de minha esposa. Se quiser entrar em contato para troca de informações genealógicas, pode escrever para dms.filho@globo.com. Abraços.

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    2. Olá Dilson saudações - meu WhatsApp é )75) 99910-2111- vamos nos comunicar - afinal a história não está batendo mas os Souza Spinola vieram para Lençois , é fato !!!

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    3. Prezado Dilson - saudaçoes - se possivel entre em contato comigo pelo numero de whatsapp que passei para o senhor - grato -Romulo

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  5. dá uma olhada, Romulo. https://spinolahistory.wordpress.com/
    estou na saga de juntar a família Dias Larangeira da Bahia. Sou descendente direta de Victoriano Dias Laranhgeira que casou Com Anna Flora Bittencourt Spinola, filha de Thimoteo Souza Spinola e Felisberta Bittencourt. as famílias se cruzam várias vezes, inclusive o filho de Anna Flora, Joaquim Dias Larangeira se casou com a prima Fellisbella Spinola e a filha Adélia Flora casou com o rpimo Urbano Duarte, filho da irmã de Anna Flora, Felismina Amélia de Souza Spinola. Ufa! Outros Spinolas se misturam com a família Dias Larangeira.

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  6. Olá Ricardo
    Meu nome é Nivea Martins e pesquiso os açorianos que imigraram da Graciosa para a Bahia. Achei um registro de casamento de Timóteo Spínola de Sousa e Luzia Francisca Gil da Silveira. Family Search, Santa Cruz, casamentos 1710/1741
    vá na imagem 31. Faço parte do site Geni e também já coloquei lá.
    Sei que esse Timóteo não é o seu, mas acredito que seja pai do Timóteo que veio para o Brasil.
    Abraço

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  7. Olá, Ricardo
    Tenho um registro de casamento em Macaúbas/BA. 27/06/1866, Manoel Candido de Oliveira Rocha (filho de Claudio Manoel de Oliveira e Maria Cândida da Rocha Bastos) casa-se com Anna Senhorinha de Souza (filha de José de Souza Espínola e Felicíssima Maria de Jesus). Tenho uma anotação paralela de que este José de Souza Espínola é filho de Manoel Espínola Ataydes e Francisca Espinola Ataydes.

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    1. Este comentário foi removido pelo autor.

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    2. eu também tenho essa mesma info/ de que José de Souza (E)Spinola é filho de Manoel Espínola Ataydes e Francisca Ataydes de Souza. E que José de Souza Espínola casado com Felicissima Maria de Jesus de (Mendonça) Meus tataravós. Gostaria de saber os nomes dos pais da Felícissima Maria de Jesus (de Mendonça) e também nomes dos avós dela.

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    3. Anna Senhorinha de Souza Espinola é irmã da minha bisavó por parte do (meu avô Jazon, filho de Antonia Rita de Souza Espinola), e (da minha avó Bellina, esposa de Jazon), filha de Arlinda, por vez filha de José de Souza Espinola Jr. é meu bisavô.

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    4. Alguém já encontrou alguma informação sobre Manoel (E)spínola Ataydes? O único documento que encontrei em que consta o nome dele é uma certidão de óbito do filho, José de Souza Spínola.

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  8. Olá minha boa gente: Os três irmãos Francisco, Manuel e José, todos de Vasconcelos Bitencourt, procedentes da Ilha Graciosa, Açores/Portugal, eram filhos do Alferes BRAZ DE VASCONCELOS BITENCOURT e GERTRUDES NAVES DE VASCONCELOS, aqui chegaram na primeira metade do século XVIII, e se casaram, respectivamente, com as filhas de Timóteo Espínola de Souza: Maria Delfina Espínola de Souza, Anna Delfina Espínola de Souza e Gertrudes Espínola de Souza. Manuel, ficando viúvo, voltou às origens e pouco tempo depois casou-se com Ana Teodora de Mendonça. Em 1833, retornou com um filho do primeiro casamento, de nome Francisco de Vasconcelos Bitencourt, que se casou com sua prima-irmã Ana Amélia de Moura e tiveram uma filha Elisa de Vasconcelos Bitencourt. Do segundo casamento, nasceu José de Vasconcelos Bitencourt, que se casou com Rodriga de Castro Meira, passando a assinar Rodriga Meira de Vasconcelos (são meus trisavós paternos); Rodrigo de Vasconcelos Bitencourt/Umbelina Magalhães de Vasconcelos (bisavós);Faustino de Vasconcelos Bitencourt/Camila Moura de Vasconcelos (avós). Família Spínola: Aristides de Souza Spínola nasceu em Caetité (BA) e era filho do Coronel Francisco de Souza Spínola e de D. Constança Pereira de Souza Spínola. Ele era Advogado, político, abolicionista, espírita e foi Presidente da Província de Goiás. * 29-08-1850 - + 09-07~1925.

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  9. Olá meu povo.
    Ricardo, Sou descendente de algum Moura, e estou tentando rastrear minha genealogia. No finalzinho do seu texto vi você sitar "Joaquim Augusto de Moura" que pode ser um fio da minha história. Sabe mais alguma coisa sobre esse Joaquim?

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  10. Ricardo, você precisa conhecer o meu livro "Idílio de Pórcia e Leolino". Nele se fala muito das famílias tradicionais da Bahia. o meu e-mail é dariocotrimcultura@gmail.com. Entre em conto comigo. Um amplexo!

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